domingo, 12 de julho de 2015

alcanço a cada ato um pouco mais de significado
mas quando o tenho, entre os dedos um objeto alado,
ele se esfarela e tenho que voltar de novo ao começo

como ninguém nunca volta ao começo, momento
quando as células se juntam e fervilham e separam
alcançando a cada parto este agora esfarelado,

me vejo seco numa ilha depois de ter nadado meio oceano
fugindo de outra ilha alcançada após nadado meio oceano
precisando buscar outra ilha nadando talvez mais meio oceano

nunca sabendo se essas ilhas e os objetos alados e os oceanos
terão futuro ou chegada ou mais uma metade
para mim

enquanto tiro a areia da sunga e escolho entre os cocos
um redondo de pedra cheio de líquido e alimento
peço às pernas que descansem e aguentem

e ao próximo ato de significado que não abra
as asas antes que conheça os meus dedos
e que aguarde paciente mesmo que não chegue
o meu momento