sábado, 28 de junho de 2014

As paredes desconhecem
o que guardam como o corpo desconhece
o que se move dentro dele
e não é órgão nem tecido
nem célula vírus ser vivo

Desde o início
da atribuição de sentido
descrito como um sopro
ou um fogo divino
anima esse monte
de carne e de osso
precário

Perambula entre os músculos e escapa
aos toques e aos testes a que
lhe submetem

Mas também as ruínas
foram um dia paredes e contam
na imagem de muro conservada
seus antigos moradores, erro orgânico
guardado das adversidades
de fora

Se investigo a vida e chego
à imagem de um átomo
não traz do mesmo jeito
histórias construídas
de alma e tijolo

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