segunda-feira, 16 de junho de 2014

Quem sabe encontrar as pessoas
seja um destino desses não se escapa
mas podia muito bem viver sem
dizer não
até morrer no quarto sozinho
em volta barulho de carros vizinhos
amor de mãe em outra cidade
todos os pés que as mãos já encontraram
indo em círculos porque o planeta
afinal uma esfera

e um ponto parado se nega
digamos que não acompanhe
galáxias e átomos e tudo que há entre
e a antimatéria passe por ele
dissolvam-se desejos sensações
digamos que não tivesse no começo

carne, terra irrigada de tempo
impossibilidade de avesso
nas pontas uns duros limites de si mesmo
mas frágil que seja guardada
forte que seja exposta
coberta de dúvida e móvel
na escolha, invólucro de um nada quebrado,
respiro do mistério, quem sabe

amar outra pele seja
a única forma de saber-se

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