quarta-feira, 24 de setembro de 2014

da mesma terra que é terra há tanto tempo
nasce um mamoeiro igual a outro mamoeiro
que dá mamões que eu não alcanço igual criança
no tempo em que as árvores eram grandes ainda são
precisava a vó avançar os dedos para a fruta
cortá-la e sem sementes dar aos netos com açúcar

as árvores crescem eu cresci menos a vó
e hoje ninguém alcança o doce verde
amadurecente e a gente vai apodrecendo
ao ver as frutas comidas à noite por morcegos

ó céu cuja gravidade puxa a fruta antes que caia
segure a queda da avó de cima da escada
e traga ambas a salvo, ela e a fruta,
açúcar de infância e fibra precisa na vida adulta

ó chão que transforma o mamão em massa sem doce
receba o veneno que eu tenho correndo na seiva
gentil me devolva ao momento nascente primeiro
da semente em altura em memória - em mamoeiro

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