crescendo
como as coisas
que não preveem
a própria morte
a árvore
se encheu
de galhos e folhas
e pequenos bagos verdes
e à força
dos ventos
e das chuvas e do centro
do planeta
ela pendia
ameaçando
desprender-se
do chão
o tronco dela
se tornou mais fino
as raízes
eu não sei
e com tesoura
e precisão
e com bondade
eu a cortei
os galhos novos
e pesados despencavam
entre os pulos
de alegria do cachorro
e a árvore
sem sinal
e mutilada
endireitando
quando enfim
pensei "salvei"
ela reta, em queda
para o alto
e o cachorro
focinhava as folhas
e os frutos verdes amontoados
sobre o chão
percebi
que a morte
da maior parte
da árvore
garantia
que o tronco e a raiz
continuem
crescendo
imprevisíveis
e se encham
logo
de novo
de um peso
insustentável
ameaça
a própria morte
então
tirei uma foto
do cachorro
que estava
entre os galhos
e as folhas e os bagos
muito
satisfeito
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