sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

enquanto os cachorros dormem nas tocas de madeira lixada
simulacros de casas bucólicas
azulejos e água sanitária meus ácaros
em maior número que todos os dias da minha vida
lençol que não se troca
o mundo é uma virilha
que bom

seus fungos suas assaduras
a pele que não se acostuma
ao toque do dedo estrangeiro e estremece
corpo inteiro aterro sanitário casa dos ratos da alma irmão burro
ninado na imundície e na satisfação melhor essa coceira
esse furúnculo que sente do que o nada
nunca sujo do que a ideia
asséptica de ascese espírito
com sua coceira
incoçável

Nenhum comentário:

Postar um comentário