já é a quinta ou quanta vez
que à beira do escuro
de mim durante o sono
penso em um verso, e logo
em outro
as palavras se encaixam perfeitas
mas o corpo
junto com a cabeça
não deixa
que eu me levante
acenda a luz, pegue o caderno
ou mesmo ligue o celular
e na luz do quarto escuro
escreva
essa beleza, essa fresta
de paraíso num relance
aberta
no fechado do meu inferno
então eu durmo
um pouco é só preguiça
outro tanto é só vontade
de nunca mais acordar
pras palavras amanhecidas
atrasadas
mas eu acordo
(até agora)
e quando acordo
não me lembro
do verso que se mostrou
em aleph pleno
penso
que adolescente
eu não perdia essas oportunidades
e varava a noite
em fúria
explorando cavernas em cadernos
já hoje
fico triste
de ter perdido o verbo
e me conformo
porque afinal
dormir era mesmo
mais preciso
mais eficaz
e mais legal
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