quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

escrever sendo um corpo que dorme

já é a quinta ou quanta vez
que à beira do escuro
de mim durante o sono

penso em um verso, e logo
em outro
as palavras se encaixam perfeitas

mas o corpo
junto com a cabeça
não deixa

que eu me levante
acenda a luz, pegue o caderno
ou mesmo ligue o celular

e na luz do quarto escuro
escreva
essa beleza, essa fresta

de paraíso num relance
aberta
no fechado do meu inferno

então eu durmo
um pouco é só preguiça
outro tanto é só vontade

de nunca mais acordar
pras palavras amanhecidas
atrasadas

mas eu acordo
(até agora)
e quando acordo

não me lembro
do verso que se mostrou
em aleph pleno

penso
que adolescente
eu não perdia essas oportunidades

e varava a noite
em fúria
explorando cavernas em cadernos

já hoje
fico triste
de ter perdido o verbo

e me conformo
porque afinal
dormir era mesmo

mais preciso
mais eficaz
e mais legal

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