uma companhia solitária une todas as pessoas insones do mundo
é muito diferente, eu sei, ter insônia no leito da rainha ou com a cabeça mal acomodada sobre as pedras. mas no fundo dos olhos abertos um mesmo assombro define a raça humana
quem foi a primeira pessoa que, ainda sem esse nome, estatelou na madrugada sem nenhum motivo além de um eco crescente na cabeça que badala: eu? nunca vamos saber. mas essa pessoa, ou quase, é tão eu quanto eu posso ser, agora às cinco da manhã, com medo de que o dia acorde sem que eu tenha ido dormir
o que nos une, um dna de ectoplasma, se você quiser, são esses gritos do silêncio, esse vácuo que ricocheteia na cabeça. é, em suma, o medo de não morrer: então o cansaço não vai me levar ao descanso? quando os olhos se fecham, é uma bênção tão abençoada que a gente nem consegue perceber
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