quarta-feira, 5 de março de 2014

deus me livre

estive nos átrios
um desastre de automóveis
pôs-me à beira desta estrada
em que espero
uma carona
deus de braços
peludos de caminhoneiro
leva-me no rabo
de cometa
na boleia
de uma pedra
estrangeira incandescente
se desfaz no atrito
se entrar
na mucosa do planeta

deus
me livre de esperar
no acostamento do meu nome
essa carona que ainda não veio
assassinos de passagem
gentil homem que me leve
aonde não sei se
quero chegar

decomposto
quando o céu rejeite
meu corpo e chegue
à terra um punhado perdido
de moléculas que não
dirão

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