Essas eram as coisas que eu tinha na minha casa:
um gato e sapato
um cachorro bobo
uma vó cheia de dó
um vô dizendo alô
uma mãe um mamão
um pai um ai
teto parede comida roupa
cansada
*
Dormiu abraçado no sapato do pai depois que morreu, o pai, tinha vários sapatos, tirou-os do armário, escolheu um bonito, preto, grande e brilhoso. Beijou, lambeu, chorou, dormiu. Sonhou que o pai andava descalço no céu. Sonhou com a frieira do pai doendo na garganta. Sonhou com chutes gostosos na virilha. Sonhou que calçava aquele sapato enquanto a terra caía, em pancada, sobre a tampa do caixão.
*
Encoxou a mãe no tanque. Bateu na mãe por causa de mistura. Vendeu até a mãe. Jogou ela de perna aberta. A mãe rolou morro abaixo. Ficou sozinho na casa olhando o cadáver da mãe decompondo lá embaixo. Entrou em casa para tomar café, agora não havia quem fizesse café pra ele. Pensou em casar. Isso sim resolveria o problema. Desceu o morro, pôs véu e grinalda na mãe. Núpcias, vermes, felizes, para sempre.
*
Meu irmão é treze anos mais novo do que eu. Eu tenho vinte e cinco, ele tem doze. É nessa idade que começa. Enquanto ele dorme, desvisto ele, finge que dorme, fico molhada ele duro, pequeno, entra. No dia seguinte seus olhos baixos. Mostro os seios quando ninguém mais estiver vendo. Ouço ele chorando de noite quando abro a porta. Repito. Chorando, endurecendo.
*
Aquela é filha de chocadeira. Xs vizinhxs comentam quando sai de sainha e anda a rua. Desavergonhada, a própria esquina de casa. Entra no quarto carro que para. O gato dorme sobre a cama. Me conta de você. Perdi meus pais faz seis meses num acidente de carro. Ele mete, ela recorda. Tá gostando? Não mente: tô. Quando volta, o gato acorda, tira a roupa, deita na cama que era dos pais. É, até que tô gostando mesmo.
*
Agora faça você mesmx: conte quinze histórias de afeto inocente. Satisfaça-se
um gato e sapato
um cachorro bobo
uma vó cheia de dó
um vô dizendo alô
uma mãe um mamão
um pai um ai
teto parede comida roupa
cansada
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Dormiu abraçado no sapato do pai depois que morreu, o pai, tinha vários sapatos, tirou-os do armário, escolheu um bonito, preto, grande e brilhoso. Beijou, lambeu, chorou, dormiu. Sonhou que o pai andava descalço no céu. Sonhou com a frieira do pai doendo na garganta. Sonhou com chutes gostosos na virilha. Sonhou que calçava aquele sapato enquanto a terra caía, em pancada, sobre a tampa do caixão.
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Encoxou a mãe no tanque. Bateu na mãe por causa de mistura. Vendeu até a mãe. Jogou ela de perna aberta. A mãe rolou morro abaixo. Ficou sozinho na casa olhando o cadáver da mãe decompondo lá embaixo. Entrou em casa para tomar café, agora não havia quem fizesse café pra ele. Pensou em casar. Isso sim resolveria o problema. Desceu o morro, pôs véu e grinalda na mãe. Núpcias, vermes, felizes, para sempre.
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Meu irmão é treze anos mais novo do que eu. Eu tenho vinte e cinco, ele tem doze. É nessa idade que começa. Enquanto ele dorme, desvisto ele, finge que dorme, fico molhada ele duro, pequeno, entra. No dia seguinte seus olhos baixos. Mostro os seios quando ninguém mais estiver vendo. Ouço ele chorando de noite quando abro a porta. Repito. Chorando, endurecendo.
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Aquela é filha de chocadeira. Xs vizinhxs comentam quando sai de sainha e anda a rua. Desavergonhada, a própria esquina de casa. Entra no quarto carro que para. O gato dorme sobre a cama. Me conta de você. Perdi meus pais faz seis meses num acidente de carro. Ele mete, ela recorda. Tá gostando? Não mente: tô. Quando volta, o gato acorda, tira a roupa, deita na cama que era dos pais. É, até que tô gostando mesmo.
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Agora faça você mesmx: conte quinze histórias de afeto inocente. Satisfaça-se
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