sábado, 29 de outubro de 2016

memória, práxis

não se faziam círculos de plástico
ou pistolas de bolas de sabão
dessas que agora
um homem vende no semáforo

meu avô cortava galhos verdes
do mamoeiro ou da mamoneira
(não lembro mais qual era)
e dava para a gente soprar fraco
mágica da água com detergente

as bolas saíam mais difícil
mas tão brilhantes e redondas quanto
essas que anunciam o produto no tráfego

meu avô morto há tanto tempo é a prova viva
de que não se vive para ver mais maravilhas
que as maravilhas que se vê em vida

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