procuro em poetas a companhia
que nos falta a todo mundo
páginas e manchas que se alastram
desde que a língua foi inventada
e a tristeza gutural dos bichos em tarde de chuva virou palavra
falha
e nessa falha
nesse vão
por onde cai qualquer um
que tropece ou que se jogue
é que brilha
a graça da falta
que glória
queda livre dos planetas uns em direção aos outros
e nessa bagunça de vácuos e matéria inanimados
uns encontros previsíveis na noite
é que me salvam mais do que qualquer
remédio mais do que qualquer
balão de oxigênio
mortos e vivos
somos todos
iguais
vivos ou mortos
estamos todos
juntos
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