quinta-feira, 11 de dezembro de 2014
As ruas da cidade cobraram vida e resmungavam a cada passo ou roda de automóvel, raiz de árvore que saltasse da pele, e gritavam e choravam e xingavam tanto que fomos pouco a pouco saindo em direção ao campo, caravanas, onde o chão não nos negava e conseguíamos dormir, de algum modo sempre sobre ele. Mas então os arbustos e as gramas e toda planta nos quiseram expulsar, e fustigavam com os galhos e davam frutos que envenenaram nossos filhos e urticárias nos narizes, nas solas dos pés, até que nos venceram e nos juntamos e fomos em direção ao mar. À beira da praia vivemos muitos anos entre areias e cocos, conhecendo peixes e moluscos, cabelos salgados, até o dia que o mar abriu suas bocas de onda e, sem aviso prévio, nos tragou.
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