sábado, 14 de novembro de 2015

Nunca estive em Paris
nem em Madagascar
não sei onde é Parintins
só sei o nome de lá

nunca andei pela margem
do finado rio Doce
desconheço seus peixes
quaisquer que eles fossem

e no entanto só penso em lá
e cá sinto um peso no peito
e já vou arrumar um outro jeito
de ficar sem poder escapar

desse mundo maluco por um fio
amarrado na ponta de um fuzil
a outra ponta acesa num pavio
curto e dentro de um céu azul anil

que fica em cima de mim
e do povo de lá
do confim dos confins
que são os mesmos de cá

cheios de outros mins
indo pro mesmo mar
aberto e fundo sem fim
sem poder se mudar

pra um planeta que fosse igual a este
num universo bem diferente deste
onde não precisasse nem pudesse
escolher entre a gente e os peixes

ia ser muito lindo, isso eu sei
viver, só viver, e viver bem
mas enquanto não chega, se é que vem
o futuro é o presente que se tem

em São Paulo e Paris
e em Belém do Pará
e até mesmo onde
ninguém foi nomear

então ficamos aqui
aqui e em todo lugar
o nosso tempo é aqui
a nossa casa é já

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