sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Eu abro a janela no dia seguinte
ao assassinato de Zumbi dos Palmares
e vejo os matos que crescem
nas frestas do meu quintal cercado de paredes
se moverem no vento e os meus cachorros
vêm me saudar antes de irem
latir pra algo que não vejo

Não sou nenhum desses elementos
nem o polígono de céu que transborda entre os varais
mas estamos tão próximos que eu me sinto
um pouco fresta, um pouco matos
vento, parede, cachorro, invisível
meio céu, meio polígono
um pouco herói
um pouco assassino

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