eventualmente
eu deixo
de tomar os remédios que me mantêm
com diminutas taxas de vírus contáveis e vivo
por um tempo
inestimável, por isso mesmo
difícil de desejar
o médico profeta
novas cepas desses microrganismos
mais resistentes à química que outros primatas
como eu mas
vestidos de jalecos e carros em laboratórios
inventam e batizam e transformam em
patentes, evoluindo resistirão
a tudo o que de mais avançado a medicina tem
a nos
oferecer
então
um medo
de nada que eu enxergue se cola
à curiosidade de ver
o que virá de amanhã
em diante, e obediente
aos desígnios, aos inimigos, eu tomo
de novo todos os
comprimidos
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