sexta-feira, 7 de novembro de 2014

lendo o poeta que ninguém leu

cheguei
meia hora atrasado no trabalho
com desculpas de vazamento no banheiro
e carta problema meu nome no serasa

agora olho as mesas vazias
da redação depois que as revistas todas fecharam
e escuto outros colegas
falando de política de um jeito que desprezo
enquanto isso fico lendo
o poeta que ninguém leu

e que morreu anônimo
e teve uns versos resumidos
pelo garimpo dos parnasianos de hoje em dia

nós
inconformados
com a sobreposição dos estratos minérios
que nos veem como partículas de minérios
e não como seres complexos que amam odeiam
cedem seus corpos aos patrões e pensam em política
em poesia e no serasa

que ninguém me leia nesta vida
não importa
os ossos e a carne de eróticos a erodidos
vão ser lidos pelos átomos
de um planeta cego
imenso glóbulo

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