As palavras têm uma densidade difícil de esvaziar
Mas cada sílaba dita ou escrita é um buraco de minhoca
Por onde a densidade escapa e reaparece ligeiramente modificada
Até que ninguém entenda mais o húmus
Que ainda assim fermenta o nascimento
Do sentido.
Dos incontáveis
Barulhos soltos desde que o mundo
Concentrado em torno de si mesmo deu início
À transmissão aérea do ruído
Sobram tão poucos, poucas páginas, tudo é resquício
E borbulhas instantâneas desde as crateras do presente
Se esfriam em contato com o ar, se tornam pedra
Pra logo vir o vento e erodir esquecimento.
Mesmo assim
Sendo breves passageiros do tempo eterno
É nesses espirros e tropeços que a gente vive pra sempre
Falemos escrevamos erupções a todo o tempo
Estar vivo é (só) uma questão de movimento.
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