A primeira vez que te vi foi na aula de ciências, riscado em giz na lousa, e nunca esqueci as primeiras palavras, movimentos peristálticos.
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Por que as coisas não caem pela nossa boca quando viramos de ponta-cabeça? O túnel se desengolindo, tripas o cu caído precisamos chupá-lo de volta, obrigado, esôfago, por se dar ao trabalho.
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Quando um homem te tocou e sentiu as feridas que você guarda, como não guardaria?, se você é paredes tubulares de uma carne finita, e um oco comprido na labuta de mover tudo, como o tempo, numa única direção.
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À noite nos reviramos, dentro de mim você arde e me lembra: sou um corpo composto de ocultos / que ardem, no entanto / Os homens te descobrem a cada tanto pra te acalmar. E eu faço a pergunta inútil:
é no seu escuro que, um dia,
vou entrar?
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