o essencial é invisível aos olhos
um feixe de luz entra pela minha janela transformando o ar
esmegma de monóxido de carbono que sufoca são paulo
em anel de saturno, só que reto e finito
que bonito
os ácaros voam agarrados a pedaçúnculos de pele morta
atravessados, como eu, pelos neutrinos exteriores à galáxia
são leves no furo do poço que o planeta imprime no espaço-tempo
somos elásticos por causa das ondas de gravidade que banham a gente
mundo incansável
eu resultado da sua equação existo pra compartilhar tudo isso
e perpetuar e trazer tédio e destruição pro universo como um todo
cada coisa tem sua razão de ser
pode ser loucura
pode ser não ser
obrigado, espírito de deus concebido pelos meus antepassados
neste começo de tarde de pés frios vivendo no inverno do trópico de capricórnio
aceito as paredes da casa alugada e os raios cancerígenos da torre de celular aqui do lado
céu escuro iluminado
bem-vindo, dia igual aos outros
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