sexta-feira, 17 de junho de 2016

a força

No centro da margem da superfície do planeta

ninguém se interessa pelas coisas que eu escrevo além de dois ou três amigos

a conta bancária evidencia o destino do poeta

e a poesia é uma prova de fogo no inverno das mudanças climáticas

palavras são usadas há milhares de anos pela espécie

dos pixels rupestres não sobrou sequer a marca-d'água

botas pisando nos rostos o banco de dados das íris

bombas de choro o comício intenso estratégias políticas

eu produzo sintaxes sem muita novidade os textos se anunciam

arautos do já era uma vida de espera e contundência

meus nomes rasurados das capas do livro de Deus morto

e morto vigiarei as conquistas dos séculos vindouros

de alma trancafiada na historicidade do corpo incomodado

receba os malabares de versos incapazes de cavar vulcões

a lava invisível lavará a vossa incompetência

com bilhões trilhões neutrinos atravessam os corpos sólidos chocando-se no Acaso

o vácuo é teu destino Universo completo de matéria escura

venham a mim os miseráveis somos todos de vontade de ser um Todo

suplantado pelo novo feito mofo repousa sobre a pedra

gratidão por estes átomos e desgosto pelo esmalte do dente rachado

a Terra é ouro cansaço e força e projeção de Finitude

ponto pálido que anula o abismo e a altitude

recolhem-se as Crianças atentas ao que não tem Forma

e formam um tecido uma atração outra ciranda



meu trabalho é desaparecer assim que for possível

deixar pegadas que confundam o caminho do Impossível

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