No centro da margem da superfície do planeta
ninguém se interessa pelas coisas que eu escrevo além de dois ou três amigos
a conta bancária evidencia o destino do poeta
e a poesia é uma prova de fogo no inverno das mudanças climáticas
palavras são usadas há milhares de anos pela espécie
dos pixels rupestres não sobrou sequer a marca-d'água
botas pisando nos rostos o banco de dados das íris
bombas de choro o comício intenso estratégias políticas
eu produzo sintaxes sem muita novidade os textos se anunciam
arautos do já era uma vida de espera e contundência
meus nomes rasurados das capas do livro de Deus morto
e morto vigiarei as conquistas dos séculos vindouros
de alma trancafiada na historicidade do corpo incomodado
receba os malabares de versos incapazes de cavar vulcões
a lava invisível lavará a vossa incompetência
com bilhões trilhões neutrinos atravessam os corpos sólidos chocando-se no Acaso
o vácuo é teu destino Universo completo de matéria escura
venham a mim os miseráveis somos todos de vontade de ser um Todo
suplantado pelo novo feito mofo repousa sobre a pedra
gratidão por estes átomos e desgosto pelo esmalte do dente rachado
a Terra é ouro cansaço e força e projeção de Finitude
ponto pálido que anula o abismo e a altitude
recolhem-se as Crianças atentas ao que não tem Forma
e formam um tecido uma atração outra ciranda
meu trabalho é desaparecer assim que for possível
deixar pegadas que confundam o caminho do Impossível
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