sexta-feira, 24 de junho de 2016

refazer as palavras pegue tudo o que se construiu até agora
templos de deuses poderosos esquecidos de idiomas mortos
a delegacia de polícia está ali na esquina esperando o seu corpo de carne
tijolos garrafas plásticas adobe pegue todos os materiais possíveis

fazer edifícios de palha
improváveis torres trinta andares qualquer brisa derruba elas nem chegam a ficar prontas
palavras são palha
palavras são osso

reciclagem infinita, escavações curiosas do passado, tralhas que acumulam

um atropelo de abrigos e de absurdos nada dura
pra sempre olhar em volta / encher pulmões / se erguer do chão

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