terça-feira, 19 de janeiro de 2016
o fim constante
A vida é espera. Faltam três dias. Mas quando passam dois, antes que termine o terceiro, precisa esperar sua metade: o sol é lento no céu. A enfermeira traz o almoço, uma sopa rala. Antes que ela traga, você precisa acordar. E nem dormiu. Então precisa: dormir, acordar, comer, digerir e morrer. E não consegue fechar os olhos. Sob as pálpebras, estão sempre abertos. De repente, como se piscasse, tudo acontece: o terceiro dia chega e já está quase no fim. A vida é esperar o fim da espera. Meia-noite, madrugada, o quarto dia acorda. O tempo não se importa.
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